Se vai ler esse texto, saiba que
ele é desconexo e confuso.
Perdida no espaço entre os
abraços não dados, no sono que demora a chegar e no que demora a ir embora pela
manhã. Há uma dor dentro do peito que não é bem uma dor, parece mais com um
sufocamento, uma morte lenta e dolorosa. Eu chamo a coisa de “onda”.
Essa onda é paralisante. Me aprisiona
em mim, não tem saída de emergência e não avisa quando vai voltar. Quando ela
aparece todo céu torna-se cinza e todas as pessoas parecem te enxergar como uma
aberração com um olhar piedoso.
As coisas que antes me
proporcionavam prazer nada fazem sentido agora, nem mesmo cócegas na barriga. Ah,
como eu sinto falta do som estridente da minha gargalhada! Tenho a sensação de
que ela jamais voltará.
Se a vida da gente tivesse aqueles letreiros luminosos
dos hotéis e motéis americanos de filmes, do tipo “não há vagas”, no meu
estaria escrito: “Não há mais esperanças”.

Estou sangrando agora... pelos
olhos. Já não me lembro muito claramente dos momentos em que fui feliz, mas sei
que foi na adolescência, apesar de terem me roubado a alma aos 4 anos de idade
e depois a minha vida aos 12 anos. No entanto, curiosamente e sem sentido algum,
eu era feliz. Ou pensava que era, sei lá. Acho que não tinha a dimensão do que
tinha me acontecido até me tornar um adulto jovem.
Sinto que quando me roubaram a
vida, deixaram marcas tão profundas que eu demorei pra enxergar as cicatrizes,
mas sempre soube que algo ali estava errado, pois eu sentia as feridas. Eu as sinto
até hoje quando alguém me toca, quando eu me toco ou quando vejo meu reflexo nu
no espelho. Eu não sei quando irei amar alguém novamente, sequer sei se irei me
amar algum dia.
É difícil viver dentro de um
único corpo sendo duas, porque as pessoas te veem e só enxergam um corpo e não
um ser humano com um acervo de emoções emergindo e submergindo num mar revolto.
Esse texto é mesmo desconexo.
Por que as coisas são do jeito que
são? Eu olho para todos os lados em busca de uma luz. Mas que luz seria essa?
Deus? Não faço ideia.