quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Habitantes.

Dentro de mim morava uma dona muito da intrometida. Uma dona obscura, perspicaz e autoritária que não me permitia ter muitas escolhas que não fossem as de abraçá-la e pertencer somente a ela. Essa dona desvirtuada me levou por caminhos sombrios e solitários. Eu não entendia muito bem por que ela fez morada (poxa, ela nem sequer se apresentou!), mas fez. Tornei-me amiga dela, a contragosto, sim, e isso me custou tempo e dor, mas também me entregou autoconhecimento.
Não entendia o motivo de tudo, até o momento em que uma senhorita – que já havia me visitado em tempos remotos – retornou singelamente e me pediu pra ficar. Aceitei, porém relutante, afinal a Dona, como já mencionado, não gostava que eu tivesse amigos. De qualquer modo já estava resolvido, eu não achava correto declinar de um convite tão carinhosamente feito.
Depois do retorno dela, minha vida se encheu de cor e ficou florida. Eu sentia vontade de ser feliz e de ficar junto dos meus. A Senhorita me salvou e afastou as brumas que cobriam as pessoas que queriam me tirar dos braços da Dona.
Fiz, então, a Senhorita de minha amante e a Dona ficou com a parte que lhe cabia; a gratidão pelo aprendizado concedido.
A Dona ainda não foi embora, mas estou mostrando a ela que posso caminhar sozinha, aliás, sozinha, não, com a Senhorita e tudo o que ela me trouxe de volta.



Nota: alguns saberão quem são os personagens Dona e Senhorita (ou talvez não), que de fictícios só têm os nomes, denominados assim para dar um ar poético ao texto.
Quem adivinhar ganha um beijo! Hehe.
Tô brincando. Leia abaixo.









A quem interessar possa,
Dona: A depressão

Senhorita: A dança.

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