Habitantes.
Dentro de mim morava
uma dona muito da intrometida. Uma dona obscura, perspicaz e autoritária que
não
me permitia ter muitas escolhas que não fossem as de abraçá-la e
pertencer somente a ela. Essa dona desvirtuada me levou por caminhos sombrios e
solitários.
Eu não
entendia muito bem por que ela fez morada (poxa, ela nem sequer se
apresentou!), mas fez. Tornei-me amiga dela, a
contragosto, sim, e isso me custou tempo e dor, mas também me entregou autoconhecimento.
Não
entendia o motivo de tudo, até o momento em que uma senhorita – que já havia
me visitado em tempos remotos – retornou singelamente e me pediu pra ficar.
Aceitei, porém relutante, afinal a Dona, como já
mencionado, não gostava que eu tivesse amigos. De qualquer
modo já
estava resolvido, eu não achava correto declinar de um convite tão
carinhosamente feito.
Depois do retorno
dela, minha vida se encheu de cor e ficou florida. Eu sentia vontade de ser
feliz e de ficar junto dos meus. A Senhorita me salvou e afastou as brumas que
cobriam as pessoas que queriam me tirar dos braços da Dona.
Fiz, então, a
Senhorita de minha amante e a Dona ficou com a parte que lhe cabia; a gratidão pelo aprendizado
concedido.
A Dona ainda não foi
embora, mas estou mostrando a ela que posso caminhar sozinha, aliás,
sozinha, não,
com a Senhorita e tudo o que ela me trouxe de volta.
Nota: alguns saberão quem são os
personagens Dona e Senhorita (ou talvez não), que de fictícios só têm os nomes, denominados assim para dar um ar poético ao
texto.
Quem adivinhar ganha
um beijo! Hehe.
Tô
brincando. Leia abaixo.
A quem interessar
possa,
Dona: A depressão
Senhorita: A dança.
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